A POSIÇÃO DAS EMPRESAS DE JOGOS ELETRÔNICOS

Como a mídia especializada em jogos eletrônicos está sempre apontando a presença de caixas de recompensas, seu funcionamento nos jogos eletrônicos lançados, além de noticiar casos absurdos que ocorrem com os jogadores. Forçou que os principais players do mercado de desenvolvimento de jogos eletrônicos se manifestassem sobre essa prática.

O principal player mais conhecido por abusar desse sistema nos jogos eletrônicos é a EA , no seu portfólio podemos citar Star Wars: Battlefront II, FIFA e Madden NFL , esses dois últimos, conforme Drummond e Sauer (2018), apresentam todas as características do jogo compulsivo. Em junho de 2019, conforme OLIVEIRA (2019), a EA com diversas outras empresas foram convocadas pelo Parlamento do Reino Unido para tratar sobre as caixas de recompensas e o perigo que podem representar para os jogadores menores de idade.

Quem representava a EA era Kerry Hopkins, Vice Presidente dos Assuntos Legais e Governamentais na EA. Quando questionada sobre a ética das caixas de recompensas, ela respondeu (OLIVEIRA. 2019):

 

Bem, primeiro, não chamamos lootboxes. Olhamos para isto como mecânicas surpresas. Se você entrar em uma loja que vende muitos brinquedos e procurar por brinquedos surpresa, descobrirá que é algo do qual as pessoas gostam, as pessoas gostam de surpresas. É algo que tem sido parte dos brinquedos há anos, sejam os Kinder Ovos, Hatchimals ou LOL Surprise, acreditamos que implementamos essas mecânicas - e FIFA claro, é o nosso principal, o nosso FIFA Ultimate Team e os seus packs - são na verdade muito éticos e bem divertidos, desfrutáveis pelas pessoas.

 

Vale ressaltar que após esta declaração, nos trending topics do Twitter estava a tag que a caixa de recompensas não é kinder ovo, para se ter uma ideia do tamanho da reprovação dos jogadores. Caixa de recompensas não é o mesmo que o kinder ovo, pois desenvolvedores tiram, restringem ou oneram de forma absurda ao ponto de impedir o jogador de conseguir o item desejável, ou seja, tiram a possibilidade do usuário conseguir o item certo e determinado, sendo forçado a jogar no cassino, além de que já foi citado diversos estudos que apontam as semelhanças entre o jogo de azar e as caixas de recompensas.

Há várias desenvolvedores que aprovam a mecânica da caixa de recompensas, mas faz-se necessário destacar um trecho de uma resposta do suporte da UBISOFT, conforme Maikon (2018), diante do descontentamento dos jogadores pela presença de caixas de recompensas no jogo Trials Rising:

 

Yes, it means that some players end up spending more on our games than others and that does result in increased profits for us. It also helps us to put more money into new titles and to understand what players look for in their games. If players simply didn’t buy these crates, they would not be added into games in future.

 

Nunca se viu uma resposta tão honesta de uma desenvolvedora de jogos eletrônicos sobre as caixas de recompensas. O que tem em comum nas declarações de todas as desenvolvedoras de jogos eletrônicos que defendem as caixas de recompensas são que as mesma seriam inofensivas, mesmo vários estudos psicológicos apontando que as caixas de recompensas são prejudiciais, e que dão um grande retorno financeiro, nesse ponto deve-se perguntar a que custo, vários jogos eletrônicos lucram de forma absurda sem essa prática, pode-se citar o Cyberpunk 2077 que faturou US$ 562 milhões, de acordo com Raphael (2021).

Contudo há algumas desenvolvedoras de jogos eletrônicos que não defendem essa prática. De acordo com Yonezawa (2017), CD Projekt Red, respondeu uma publicação criticando os jogos como serviços, afirmando que nos seus jogos não teria além de "Deixarmos a ganância para os outros” alfinetando a EA.

Mas o mercado de jogos eletrônicos não se resume apenas às empresas que desenvolvem o jogo eletrônico, também é constituído por empresas que criam as plataformas dos jogos eletrônicos. As maiores plataformas de jogos eletrônicos são das empresas Microsoft, Sony e Nintendo com seus consoles, respectivamente, Xbox, Playstation e Switch, temos também as plataformas móveis como o android, da Google, e ios, da Apple.

Com o aumento das discussões sobre as possibilidades de proibir, regulamentar ou liberar, sem restrição, no Estados Unidos, em 2019 o governo decidiu não regulamentar o setor, mas a Entertainment Software Association – ESA (2019) firmou o compromisso com as empresas das plataformas de jogos eletrônicos deveriam prestar mais informações na hora das vendas de microtransações e caixas de recompensas.

O compromisso tem várias obrigações, primeiramente, todos os jogos eletrônicos, além de trazer a classificação indicativa, devem informar ao consumidor através de um selo que há a presença de itens adquiríveis com dinheiro real. Entre parênteses, caso o jogo tenha caixas de recompensas, será informado a presença de itens random no próprio selo.




Figura 5 - Selo de Classificação Indicativa                        Figura 6 - Selo de Classificação Indicativa

Com a identificação de microtransação                             Com a identificação da inclusão de caixa de 

                                                                                              recompensas







Fonte: ESBR (2018)                                                                         Fonte: ESBR (2018)

 

As empresas responsáveis pelas plataformas de jogos eletrônicos, Microsoft, Sony e Nintendo se comprometeram a exigir dos desenvolvedores, que publicam jogos nestas plataformas, para divulgarem as informações relativas à raridade e probabilidade de obter itens das caixas de recompensas. Além de que algumas desenvolvedoras, membros da ESA como Epic, Ubisoft, Take-Two Interactive entre outras, já divulgavam a taxa de probabilidade do item, se comprometeram a apresentar essa informação de maneira mais compreensível e transparente.

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